A última vez que vi a Marta Ortega foi em Madrid, numa luta de hipismo, a que convidaram-me com o mesmo espírito integrador com que Carmen Lomana convida seus lanches de socialite a Bolsa. Lá estava eu, separando roteiros de sobrenomes compostos, como Hulk pra abrir passagem, e a filha de costurerita em uma mesa próxima, cima, única e cabizbaja. Passei a primeira meia hora a observá-la como quantidade preventiva, não fosse permanecer louca. Lhe lembrei-me de a minha mulher, como para justificarme, que no momento em que criancinha minha avó abriu a Semana e me dizia, apontando para uma imagem, que eu tinha que casar com Athina Onassis.
pedi à minha avó um pônei para conquistá-la, ou um elefante pra conquistar primeiro o universo como Alexandre, e os Reis deixaram-me em sua casa uma BH amarela, daquelas de assento com encosto. Na minha família, avós ocupavam o ambiente taumatúrgico que tenho visto que em novas famílias ocupam as mães.
A minha, contudo, diante da perspectiva de um dinheiro, ou de uma noiva rica, ou de um novo serviço, sempre torce o gesto: “E isto não será uma legal brincadeira?”. Há 2 anos, quando ganhei o prêmio Café Breton, liguei de madrugada pra dar a notícia e comentou: “Tu te entrar em cada bagunça”.
- Fev.2010 | 03:00
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Marta Ortega naquele dia de dezembro, sabendo-se ocupada por diversos olhos, não fez o menor interesse em disfarçar que não se interessava por ninguém, não digamos prontamente seu marido. Leo em LOC, que se separou em Natal, que é quando você tem que fazer estas coisas. Enquanto como com Rafa Cabeleira, o que eu embutida no jantar de natal da minha turma pra que tome notas de acidentes de trânsito (esse ano, as disputas foram por aí), eu imagino no seu drible em curto. Passa-Me às vezes com pessoas que escreve: nunca pergunto nada, no entanto tento estudá-los no momento em que os tenho por perto para ver se sou capaz de desenmascararles o modo.
Tendo como exemplo Rafa, no momento em que responde, o faz antes de espiar, que é como os pistoleiros no momento em que desenfundan e atirar sempre que dão o último bico ao charuto vendo pro chão. Embora o conheço há muito pouco eu encontrei que crescemos no mesmo universo. Tornámo-Nos mais no botequim da família, servindo vinhos a paróquia, que é qualquer coisa com o que se morre. Havia partidas de dominó, que carimbam as fichas na mesa ao quebrá-lo, que acabavam no quartel da Guarda Civil.
Frankenstein 04155 é o título provisório de um documentário, da agregação de vítimas do acidente de trem de Santiago (Alvia 04155), que quer um final distinto, como diz Ignácio Pato no Playground. Não querem expor do sofrimento e da angústia, de o quarto do filho, a paisagem psicológico da remoção de um afiliado.